13.2.07

 

Velhas Sintonias com a Dupla Clinton - Al Gore



Ainda a propósito da forte empatia política dos socialistas portugueses com a antiga dupla presidencial norte-americana, Bill Clinton-Al Gore, convém evocar aqui, para alguns desmemoriados, certos episódios pitorescos ocorridos durante esses anos cândidos e fartos do Guterrismo em Portugal.

Nessa heróica época política, entre 1995 e 2001, a sintonia do Governo luso com aquela dupla de sucesso planetário era praticamente total.

Podiam eles ordenar bombardeamentos preventivos ou punitivos no Iraque, no Sudão ou alhures, promover a destruição meticulosa e paciente das infra-estruturas da Sérvia, como fizeram em 1999, era Guterres o chefe do Governo Português, que quase nenhuma voz socialista se fazia ouvir, com a excepção de Soares que já vivia então a sua reencarnação esquerdista, subitamente ocorrida, após a saída da Presidência da República, onde estanciou dez proveitosos anos de alegres romarias e excitantes picardias políticas contra o seu Primeiro-Ministro Cavaco, o gajo, como carinhosamente se lhe referia, entre amigos.

No mais, a família socialista permanecia aquiescente, compassiva com a sanha destruidora de Clinton, que, dizia-se, com tanto estrondo, mais não pretendia que abafar as os murmúrios originados pelas suas repetidas travessuras na Casa Branca, de que insistentemente o acusavam.

Vimo-lo, depois, por diversas vezes, a desdobrar-se em explicações, até à saída da missa, de Bíblia na mão, confessando que estava arrependido dessas mesmas travessuras, ainda por cima praticadas em horas de expediente, nos amplos salões da Casa Branca.

Assegurava-nos Clinton, no entanto, que aquilo que ele tinha feito era censurável, sem dúvida, mas que, por isso mesmo, já tinha pedido desculpa a todos os que havia magoado ou decepcionado.

Enquanto proferia estes doridos discursos, sempre de coração contrito, como podemos imaginar, as opotunas câmaras da TV ofereciam-nos o olhar complacente da sua doce Hillary, de novo a seu lado, reconciliada, indulgente, a bem da harmonia familiar e presidencial, como bons cristãos, que ambos eram, afinal.

Tudo isto, hoje, está esquecido e perdoado. Democratas americanos e socialistas europeus pressurosamente absolveram Clinton. Por sorte, um Bush desastrado deu-lhes oportunidade de voltar a odiar a velha América, a de Nixon e de Reagan, para se congraçarem com os seus velhos esquerdismos, mais moderado, certamente, o dos americanos, sobretudo no plano social e económico.

Clinton saiu da Casa Branca grandemente festejado. Foi entreter-se a escrever as suas memórias e a dar conferências, porventura ainda mais bem pagas que as do seu Vice, Al Gore, que, nestas coisas, o Capitalismo americano é mesmo generoso, até para democratas.

Uma onda de simpatia socialista, por esse mundo fora, continuou a acompanhar a figura de Bill Clinton, que agora parece transferir-se para a amável e circunspecta Hillary, próxima grande esperança da Humanidade globalizada.

Falta pouco para voltarmos a ver a voluntariosa concertação política dos socialistas lusos com as inclinações da Casa Branca.

Aliás, diga-se, em abono da verdade, mesmo com o seu inquilino actual, Sócrates e o seu Governo socialista não têm deixado de adoptar uma atitude razoavelmente cooperante, bem longe das críticas exaltadas de alguns dos seus membros quando estavam na oposição.

Também aqui, não se regista nenhuma novidade. Não era Soares um bom amigo de Reagan. De resto, este sempre o considerou o melhor tipo de político socialista com quem tratou, coisa que Soares, hoje, talvez não considere como um elogio ou sequer cumprimento.

Este ameno clima de entendimento político de Sócrates com a Casa Branca melhorará, certamente, dentro de algum tempo, se o próximo inquilino daquela famosa casa vier a sair da família democrática americana, como tudo indica, para maior sossego das nossas martirizadas consciências.

Parece muito pouco provável que a oito anos de Presidência republicana, com este seu algo infeliz artífice, se sigam mais quatro, salvo se os Democratas forem desencantar um candidato aparentado com o de 2004, o desastrado John Kerry, de má memória.

Mesmo assim, com o passivo de Bush, a expectável vitória dos democratas já hoje se vive como um festejo antecipado. E não apenas na América...

AV_Lisboa, 13 de Fevereiro de 2007

Comments:
Estes socialistas fazem-me lembrar o Dr. Barreirinhas Cunhal que, passados anos e anos sobre a derrocada do PC da antiga URSS, continuava a defender com unhas e dentes os interesses desse mais que defundo império soviético.
 
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